Capitalização da Petrobras inflou superávit primário em R$ 31,9 bilhões.
Sem operação, esforço fiscal do governo teria ficado abaixo da meta
O superávit primário do governo federal, que é economia feita para pagar juros e tentar manter em queda a dívida pública, somou R$ 78,9 bilhões em todo ano passado, o equivalente a 2,16% do Produto Interno Bruto (PIB) informou nesta sexta-feira (29) a Secretaria do Tesouro Nacional.
O resultado fiscal representa melhora em relação ao ano anterior, quando foi registrado um superávit de R$ 39,43 bilhões nas contas do governo, ou 1,24% do PIB. No ano retrasado, marcado pela crise financeira internacional, o governo reduziu a meta de superávit primário das contas públicas.
O resultado de 2010, por sua vez, representou o cumprimento da meta anual de superávit primário, estabelecida em R$ 76,3 bilhões, o que equivale a 2,15% do PIB. Entretanto, a obtenção da meta só foi possível por causa da capitalização da Petrobras - que inflou o superávit fiscal em R$ 31,9 bilhões. Também contribuiu para o resultado o pagamento de R$ 22,4 bihões em dividendos de empresas estatais ao governo.
"A Petrobras contribuiu, mas o principal motivo para o resultado das contas do ano passado foi uma retomada boa da economia brasileira [o que contribuiu para aumentar a arrecadação de tributos]", informou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Petrobras
A explicação é que o governo emitiu, no ano passado, R$ 42,92 bilhões em títulos públicos para pagar a sua parte da capitalização da empresa, e recebeu de volta, por conta do pagamento da cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo, R$ 74,8 bilhões da empresa estatal. Deste modo, sobraram R$ 31,9 bilhões para o superávit primário unicamente por conta da capitalização da Petrobras. Sem a "ajuda" da Petrobras, as contas do governo teriam registrado um superávit primário de R$ 47 bilhões em 2010, bem abaixo da meta estabelecida para todo ano passado.
Segundo ano consecutivo
O ano passado foi o segundo consecutivo no qual o governo se utiliza de manobras contábeis para aumentar o resultado fiscal. Em 2009, a União obteve um incremento de R$ 17,7 bilhões somente com medidas heterodoxas (não usuais), como o recebimento de R$ 8,9 bilhões a mais em depósitos judiciais antigos, além de R$ 4,7 bilhões obtidos com o Refis da Crise (programa de parcelamento de dívidas). O governo também engordou o caixa, no ano passado, com R$ 3,5 bilhões de uma operação de compra, pelo BNDES, de dividendos que a União teria direito a receber da Eletrobras.
Investimentos públicos
Os gastos totais do governo federal com investimentos somaram R$ 47,1 bilhões no ano passado, o que representa um crescimento de 38% sobre o valor do ano de 2009 (R$ 34,1 bilhões), informou o Tesouro Nacional. Para ano passado, a dotação orçamentária dos investimentos do governo era superior a R$ 65 bilhões.
Dos investimentos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), R$ 22,08 bilhões foram pagos em 2010, com elevação de 23% sobre o mesmo período do ano passado (R$ 17,93 bilhões).
*Fonte:http://g1.globo.com/economia
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