segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

País perde R$ 9 bilhões com evasão no ensino superior, diz pesquisador

País perde R$ 9 bilhões com evasão no ensino superior, diz pesquisador

Média da evasão no país em 2009 foi de 20,9%, segundo censo do MEC.
Apenas 47,2% dos estudantes se titularam após quatro anos de curso.

As perdas financeiras com a evasão no ensino superior em 2009 chegam a cerca de R$ 9 bilhões, segundo cálculo do pesquisador do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia, Oscar Hipólito, com base nos números do Censo do Ensino Superior divulgados pelo Ministério da Educação em dezembro do ano passado.

Os dados do censo mostram que de 2008 para 2009, um total de 896.455 estudantes abandonaram a universidade, o que representa uma média de 20,9% do universo de alunos. Nas instituições públicas, 114.173 estudantes (10,5%) largaram os cursos. Nas particulares, um total de 782.282 alunos (24,5% dos estudantes) evadiram (veja gráfico abaixo). Cada estudante custa por volta de R$ 15 mil ao ano na universidade pública e em média R$ 9 mil ao ano na instituição privada, de acordo com o pesquisador, que é ex-diretor do Instituto de Física do campus São Carlos da Universidade de São Paulo (USP).

Abandono de estudantes nas universidades provoca

Gráfico de evasão no ensino superior (Foto: Editoria de Arte/G1)

Estudo feito por Hipólito com dados do censo mostram que apenas 47,2% dos estudantes se titularam após quatro anos de curso. Outro dado preocupante mostra que a taxa de aumento de matrículas, que era de 14,8% em 2002 ficou em 0,7% em 2009. Além disso, a taxa de aumento de ingressos de 2008 para 2009 ficou em 7,5% negativos. Em 2008, o número de ingressantes foi de 1,87 milhões e no ano seguinte foi de 1,73 milhões.

Segundo Hipólito, vários motivos levam o estudante a abandonar o ensino superior. Além de os jovens terem dificuldade para pagar a faculdade e se manterem durante o curso, há outro grande problema: a falta de acompanhamento acadêmico e pedagógico. Há países, como Japão, Finlândia e Suécia, que têm baixas taxas de evasão, principalmente por darem suporte ao estudante do começo ao fim do curso.

Esse acompanhamento, segundo Hipólito, consiste na recuperação do aluno que vai mal, ajuda àqueles que têm problemas financeiros, atuação de professores tutores, entre outros. “Uma vez que o aluno entrou, o problema é da faculdade. Se ela o aceitou, a responsabilidade é dela. Tem que recuperar o aluno. Aqui não se recupera. Acha-se que todos são incompetentes, o que não é verdade. Todos têm possibilidades”, afirmou.

O Brasil tinha meta de chegar a 30% da população no ensino superior em 2010, mas não passou dos 13%. Para Hipólito, faltou e continua faltando uma política de longo prazo para mudar a situação. Um exemplo ao país, segundo o pesquisador, é a Coreia do Sul, que há cerca de 20 anos decidiu que investiria em educação. “Tem que focar. Eles focaram em ciências exatas e tecnologia. Hoje, compramos carros e TVs desenhados na Coreia. Enquanto isso, o Brasil não desenvolve nada, porque não tem tecnologia.”


 



 

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