Contas externas iniciam 2011 com recorde negativo
Déficit em conta corrente de US$ 5,4 bilhões é o pior para meses de janeiro.
No mês passado, investimentos estrangeiros totalizaram US$ 2,95 bilhões.
O déficit em transações correntes, um dos principais indicadores do setor externo, subiu 41,5% no mês passado, para US$ 5,4 bilhões, o pior resultado para meses de janeiro desde o início da série histórica do Banco Central, em 1947. Este também é o segundo pior resultado para todos os meses, perdendo apenas para dezembro de 2009 (-US$ 5,9 bilhões). Em janeiro de 2010, o resultado negativo ficou em US$ 3,82 bilhões.
O déficit em conta corrente é resultado da movimentação da balança comercial (exportações menos importações), da conta de serviços e das rendas. Em todo ano passado, o resultado negativo das transações correntes somou US$ 47,5 bilhões e, com isso, bateu recorde histórico. Para este ano, a expectativa do BC é de nova piora nas contas externas. A autoridade monetária espera um déficit de US$ 64 bilhões em 2011, ou 2,85% do Produto Interno Bruto (PIB).
A principal explicação para a deterioração das contas externas brasileiras tem sido o crescimento da economia nacional, estimado em mais de 7,5% por analistas para 2010 e em 4,5% para este ano, aliado ao dólar baixo. Estes fatores elevaram o volume de remessas de lucros e dividendos ao exterior, além de aumentar as importações. As viagens de turistas brasileiros ao exterior, e seus gastos lá fora, também têm contribuído para a piora das contas externas.
Investimentos estrangeiros
Os investimentos estrangeiros diretos, que são voltados para a produção, por sua vez, somaram US$ 2,95 bilhões no mês passado. Deste modo, não foram suficientes para financiar todo o rombo das contas externas (-US$ 5,4 bilhões). A expectativa do Banco Central é de que os investimentos também não sejam suficientes para cobrir o déficit em transações correntes neste ano. A previsão do BC é de que ingressem US$ 45 bilhões em investimentos estrangeiros no país neste ano.
Como os investimentos de investidores de outros países não deverá ser suficiente para financiar o rombo das contas externas, haverá uma piora em seu perfil, uma vez que o país precisará se apoiar mais na entrada de capitais para aplicações financeiras (renda fixa e bolsa de valores), considerados mais instáveis, pois podem sair a qualquer momento, para fechar a conta.
No início deste mês, em reunião com empresários, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o principal desafio do governo, neste momento, seria o de melhorar as contas externas do país. Segundo ele, é preciso forçar a exportação de produtos manufaturados brasileiros (exportações) a outros países e "enfrentar a guerra comercial". Recentemente, o governo acenou com a possibilidade de sobretaxar as importações de alguns produtos para melhorar o saldo comercial brasileiro.
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