segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Golpista de R$ 86,1 milhões conta sobre fuga

Golpista de R$ 86,1 milhões conta sobre fuga

O golpista financeiro Thales Maioline, de 34 anos, promete se entregar à polícia nas próximas 24 horas.

Golpista financeiro mais procurado do país, o investidor Thales Maioline, de 34 anos, promete se entregar à polícia nas próximas 24 horas. Conhecido como Madoff mineiro — em referência ao megainvestidor de Wall Street, Bernard Madoff —, ele está foragido desde 23 de julho depois de sumir com R$ 86,1 milhões de 2 mil investidores de 14 cidades mineiras. Antes de se apresentar às autoridades, porém, o dono da Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda. resolveu contar detalhes de sua fuga cinematográfica. Ele está no Brasil desde a semana passada, vindo da Bolívia, onde ficou escondido por meses, parte do tempo acampado na Floresta Amazônica.

No encontro marcado com a reportagem, vestia o mesmo disfarce simples — boné verde oliva e óculos de sol — que usou para enganar a polícia durante mais de 100 dias, sem deixar vestígio do seu paradeiro, mesmo tendo sua foto replicada pela Interpol, contas bloqueadas e todos os telefones grampeados. Com a mesma astúcia que o levou a montar o esquema milionário, Maioline conseguiu viajar incólume por três estados brasileiros (São Paulo, Mato Grosso e Rondônia) e atravessar a fronteira com a Bolívia. Nesse período, apresentou-se como repórter.

Maioline sabe que será preso (teve o pedido de prisão temporária decretado pela Justiça em 9 de agosto), diz que vai pagar sozinho pelo erro, mas já avisa que não sobrou dinheiro do fundo de investimentos. Ele teria fugido com apenas R$ 20 mil no bolso e voltou diante da certeza da prisão da irmã Iany Maioline e do amigo Oséas Marques Ventura, que responderam pela empresa na ausência dele e foram jurados de morte por vítimas do calote. O Madoff mineiro falou sobre sua situação atual ao lado da dupla de advogados de defesa, Marco Antonio de Andrade e Moisés Arcanjo de Assis.

De barco

Na lista de prejudicados, há desde humildes vendedores de biscoitos da pequena Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, até altos investidores com aplicações superiores a R$ 3,5 milhões, que lavavam dinheiro na Firv já sabendo que o clube de investimentos operava sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central. Dezesseis quilos mais magro, Maioline revelou em detalhes a rota de fuga, que incluiu a travessia pela fronteira da Bolívia, em plena Floresta Amazônica, em 12 horas de barco. “Era difícil comprar comida. Tinha medo de entrar em um boteco e ser reconhecido.”

O investidor garante que tentou salvar o negócio até o fim. “Afundei com o navio. Se tivesse pulado fora um mês antes, teria R$ 6 milhões no bolso, pois paguei R$ 3 milhões aos investidores no dia 10 de julho e outros R$ 3 milhões no dia 20. Até o último minuto, nunca atrasei os pagamentos”, diz. No dia 23, iria se encontrar em São Paulo com um usineiro de Sertãozinho, disposto a investir R$ 20 milhões no negócio. “Quando o cara não apareceu, fiquei apavorado. Era a única chance de cobrir o rombo e não quebrar minha empresa. Decidi fugir naquele momento, sem falar com ninguém da família.”

O foragido escapou apenas com a mala de mão e algumas roupas, o lap top (que nunca usou por medo de ser rastreado) e R$ 20 mil no bolso. Com o passar do tempo, percebeu que, a cada dia, o seu caso ganhava maior repercussão na mídia. “A coisa tomou proporções que eu não imaginava. Meu retrato já estava divulgado nos jornais e na internet. Em breve, quando a matéria saísse na TV, eu seria reconhecido pelo pessoal do hotel. Precisava sair do Brasil”, explica.

FAMÍLIA TRANCAFIADA

» Desde o estouro do escândalo financeiro, a família de Thales Maioline se trancafiou dentro da própria casa, protegida por alarmes de segurança. Sob ameaça de credores, não abre a porta a estranhos, não atende ligações de números desconhecidos e nem sai a pé pelas ruas do bairro onde moram, em Belo Horizonte. Os parenters tiveram os celulares grampeados, contas bancárias bloqueadas e estão com nome sujo na praça. Viveram em verdadeira prisão domiciliar, enquanto o culpado seguiu foragido da Justiça. Sua mulher, Maria Aparecida Oliveira dos Santos, teve que recorrer à ajuda de antidepressivos.



*Fonte:http://www.oimparcialonline.com.br/noticias.php?id=67046

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