segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fusão entre Serasa e SPC criará o maior banco de dados corporativos do país

A rivalidade entre o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e a multinacional Serasa Experian está perto do fim. Negociações adiantadas devem resultar na fusão dos concorrentes, dando origem a uma empresa com o maior acervo de informações corporativas e da vida econômica dos consumidores no país. O megabanco de dados reunirá mais de 150 milhões de registros no Cadastro de Pessoa Física (CPF), 400 mil inscrições empresariais (CNPJ) e quase 2 mil lojistas. Sozinho, o patrimônio do SPC, que, na prática, será incorporado pela sócia, é avaliado em R$ 2 bilhões.

A união de forças tem o objetivo de criar uma empresa forte o bastante para dominar o segmento, fazendo frente a um novo concorrente, a Boa Vista Serviços. Criada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a empresa tem planos de disputar espaço em todas as unidades da Federação. Serasa e SPC têm perfis complementares. Enquanto a primeira domina o nicho de informações sobre pessoas jurídicas, principalmente de bancos, o segundo é um gigante entre os consumidores e os lojistas.

“Desde que se tornou uma empresa de capital aberto, a Serasa tenta ocupar um espaço maior no país. Tanto que ela andou entrando em negociações com empresas de cheque e outras que atuam no segmento de crédito”, disse José Luís Rodrigues, sócio-diretor da consultoria JL Rodrigues. “O que interessa para o mercado é o potencial desse negócio, que vai criar um monopólio muito forte.” A consultoria Ernst & Young e o Banco Pactual foram contratados para avaliar os ativos do SPC, chegando ao montante de R$ 2 bilhões.

Os negociadores trabalham com uma alternativa, caso a ideia da fusão não dê certo: uma parceria nas operações. Nessa hipótese, o SPC manteria o poder de gerência e lucraria R$ 210 milhões. Na opinião de especialistas, a soma de esforços tornaria mais rápida, eficiente e segura a avaliação de risco dos consumidores, com efeitos sobre a taxa de inadimplência, que poderia até cair. Como o negócio ainda não foi fechado e está sendo tocado em sigilo, as partes envolvidas tentam negar a operação, que todo o mercado dá como certa.

Custos

Roque Pellizzaro, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), controladora do SPC, despista. “Temos unidades autônomas, estamos operando em todo o Brasil e pretendemos manter esse modelo. Podemos firmar parcerias para manter a qualidade dos serviços, mas não buscamos rentabilidade”, afirmou Pellizzaro. Segundo ele, as empresas do segmento já entram em parcerias para minimizar os custos. O comum, assegura, é a união na compra de insumos para reduzir custos e, em alguns casos, a troca de informações.

Até o nascimento da Boa Vista Serviços, o SPC mantinha um acordo de cooperação com a Associação Comercial de São Paulo. Com o surgimento da Boa Vista, entretanto, esse compromisso deve ser rompido. A Serasa Experian aparece, então, como a companheira natural para substituir a ACSP. “Não se trata de aquisição, venda ou fusão. Estamos procurando parceiros. Vamos colocar na mesa os pontos em que seremos concorrentes e nos quais poderemos atuar juntos”, garantiu Pellizzaro.

Riscos à concorrência

A negociação entre a Serasa Experian e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) terá que passar pelo crivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autarquia do Ministério da Justiça. As duas entidades são as maiores do segmento de análise de crédito e uma parceria entre elas pode trazer riscos para a concorrência, além de dificultar a entrada de novos competidores no mercado.



*Fonte:http://www.oimparcialonline.com.br/noticias.php?id=67047

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