quarta-feira, 2 de março de 2011

Kadhafi promete 'enfiar dedos nos olhos' de adversários na Líbia

Kadhafi promete 'enfiar dedos nos olhos' de adversários na Líbia

Pressionado dentro e fora do país, ditador discursou em festa em Trípoli.
Forças leais ao regime tentam retomar cidades em poder de rebeldes.

O ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, disse em discurso nesta quarta-feira (2) que o poder em seu país "não é do governo" nem dele, mas "do povo", e manteve o tom de desafio que ostenta desde o início da rebelião popular contra seu contestado governo.

O coronel também afirmou que vai "enfiar os dedos nos olhos" de quem desafiar o "poder do povo" na Líbia.

Falando a partidários, com transmissão pela TV estatal, Kadhafi afirmou que o mundo "não entende" o sistema líbio de democracia direta, explicado em seu "Livro Verde", espécie de Constituição informal do governo, no poder desde uma revolução em 1969.

"Desde 1977, é o povo líbio que exerce o poder", disse Kadhafi no longo discurso.

O coronel também afirmou que "não é presidente" e, portanto, não pode renunciar ao seu cargo.

"Muammar Kadhafi não é um presidente para renunciar, ele não tem um Parlamento para dissolver", disse. "O sistema líbio é um sistema do povo e ninguém pode ir contra a autoridade do povo...O povo é livre para escolher a autoridade que lhe convém."

O ditador também negou que a Líbia rebelada enfrente "problemas internos", disse que não há confrontos em Benghazi e voltou a culpar a rede terrorista da al-Qaeda pela agitação no país.


Imagem da TV estatal líbia mostra o ditador Muammar Kadhafi em pronunciamento nesta quarta-feira (2) (Foto: AFP)


Kadhafi também minimizou o número de mortos pela repressão aos protestos, dizendo agora que eles seriam "cerca de 150". Organizações ocidentais acreditam que pelo menos 2.000 pessoas tenham morrido nos confrontos.

Antes da fala, a TV estatal mostrou imagens do ditador durante uma festa política na capital, Trípoli, na qual ele apareceu cercado de apoiadores que gritavam slogans a seu favor.

A cerimônia celebrava o 34º aniversário da instauração do "poder das massas" na Líbia, informou a emissora estatal.

"Você sempre será grande", disseram os manifestantes.

Antes do discurso, Kadhafi e os manifestantes cantaram o hino nacional.

A aparição ocorre em meio a contraditórios relatos de confrontos pelo país, com forças leais ao governo tentando retomar o controle de cidades no poder dos rebeldes antigoverno. Também há relatos de confrontos próximo a Trípoli.

Também crescem as pressões diplomáticas e militares sobre o ditador, no poder desde 1969.

Nesta terça, a Assembleia Geral da ONU decidiu suspender a Líbia do Conselho de Direitos Humanos da entidade. A decisão foi unânime.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, fez um apelo a Kadhafi para que ele renuncie ao poder e "devolva o país ao povo da Líbia".

O Pentágono também anunciou que está aproximando dos navios militares anfíbios da costa líbia.

A princípio, o objetivo das centenas de fuzileiros é ajudar em operações humanitárias, segundo a Defesa dos EUA, mas a opção militar ainda está na mesa.









*Fonte: http://g1.globo.com/revolta-arabe/noticia/2011/03/kadhafi-promete-enfiar-dedos-nos-olhos-de-adversarios-na-libia.html

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