Mesmo com medidas do BC para frear o consumo, montadoras vendem mais do que em fevereiro de 2010, quando ainda havia desconto do IPI
As vendas de veículos novos vão bater recorde em fevereiro, apesar do pacote de contenção do crédito anunciado pelo Banco Central em dezembro e da alta da taxa de juros, em janeiro. Em fevereiro, sem computar os dados de ontem, as vendas atingiram 255 mil veículos, o melhor resultado para o mês. No bimestre, as vendas vão superar meio milhão de unidades, incluindo caminhões e ônibus.
Em relação a fevereiro de 2010, o crescimento deve ficar na casa dos 20%, pois a indústria espera encerrar o mês com vendas próximas a 270 mil veículos. Até sexta-feira, o crescimento estava em 15%. Na comparação com janeiro passado, a diferença, que era de 4% até esta última segunda-feira, pode chegar a 10%.
No bimestre, foram licenciados até sexta-feira 499,8 mil veículos, 15% mais que no mesmo período do ano passado, quando ainda estava em vigor a redução parcial do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), encerrada em março.
Mesmo levando em conta dados sazonais, como o fato de o feriado de carnaval ter caído em fevereiro no ano passado, os resultados são melhores que em 2010, embora abaixo dos números do último semestre.
No mês passado, até dia 25, a média diária de licenciamentos foi de 13.420 veículos, em comparação a 11.629 em fevereiro de 2010. Em janeiro de 2011, a média foi de 11.661 unidades, enquanto em dezembro foi de 17.343, a melhor da história.
Ritmo menor. Para o consultor Arnaldo Brazil, da Prime Action, as medidas do BC vão diminuir o ritmo de crescimento do setor, sem impedir novo recorde de vendas este ano, para algo próximo a 3,7 milhões de veículos - a mesma projeção feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Na prática, o pacote do BC elevou os juros e dificultou a venda parcelada sem entrada.
"O crescimento do setor em 2011 deve ficar entre 5% e 6%", diz o consultor. No ano passado, o aumento em relação a 2009 foi de quase 12%.
Na opinião do economista Ayrton Fontes, da MSantos - consultoria especializada em varejo de carros -, os concessionários estão atraindo consumidores com promoções e as financeiras continuam facilitando a liberação do crédito.
Fontes acredita que a nova classe média é uma das responsáveis por manter o mercado "ligeiramente aquecido". Enquete feita no fim de semana em um feirão em Guarulhos, na Grande São Paulo, mostra que 43 de um total de 91 compradores de carros novos adquiriram o primeiro modelo zero. A renda média mensal declarada por eles é de R$ 2.250.
Stephan Keese, da consultoria Roland Berger, diz que as ações do governo, adotadas principalmente para conter a inflação, terão efeitos mais concretos no médio prazo. "Por enquanto, a demanda por veículos continua crescendo."
*Fonte: www.estadao.com.br
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