terça-feira, 17 de agosto de 2010

Bancos brasileiros precisam ampliar participação no exterior, diz Mantega

Bancos brasileiros precisam ampliar participação no exterior, diz Mantega

Declaração foi feita em anúncio de parceria do BB com banco português.

Há orientação do governo para aumentar atuação do BB em outros países.
 

Os bancos brasileiros, públicos e privados, precisam ampliar participação no exterior para apoiar tanto as empresas nacionais como os próprios brasileiros que moram fora, disse nesta segunda-feira (9), o ministro da Fazenda Guido Mantega, durante assinatura de um memorando de intenções entre Banco do Brasil, Bradesco e Banco Espírito Santo (BES), de Portugal.

A parceria entre as três instituições prevê aumento da participação das três instituições no continente africano.

A partir da assinatura do memorando, os três bancos preveem prazo entre 60 e 90 dias para definir como será feita a entrada do Banco do Brasil e do Bradesco na holding que o BES já possui na África.

"Estamos interessados em que não só o Banco do Brasil, mas que bancos brasileiros públicos e privados estejam tendo um raio de operação maior, mesmo porque fazendo assim poderão dar suporte e apoio para as empresas brasileiras que estão no exterior. E brasileiro também, tem muito brasileiro em Angola e Moçambique que procuram bancos brasileiros", disse Mantega, que anunciou a potencial parceria em São Paulo, nesta segunda. O ministro destacou que instituições como o Bradesco e o Itaú já têm projetos e participação no exterior.
 
De acordo com Mantega, a operação está em linha com os objetivos do governo de internacionalizar a atuação do BB e a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o Brasil tenha a maior integração com o continente africano.

Segundo o ministro, o presidente foi informado sobre os detalhes da operação nesta segunda-feira. "Brasil e Portugal, por meio de seus grandes bancos, aumentando a entrada nesses continentes", disse o ministro. "A entrada dos bancos brasileiros em outros países beneficiará também empresas nacionais que têm projetos no exterior", afirmou.

"Há uma orientação do governo para que seja ampliada a atuação do BB em outros países. Na verdade ele já possui uma atuação lá fora, é que era mais modesta. (...) Já possui escritório em 23 países. Apenas estamos ampliando seu raio de atuação. Já existe nos EUA, na Argentina, com o banco da Patagônia, e agora na África", disse.

"Estamos muito felizes com isso e é uma parceria entre o setor privado e o setor público, mostrando que o setor público e o setor privado podem trabalhar juntos e com eficácia, com sinergia, como nós queremos que ocorra aqui no Brasil e lá fora também", afirmou Mantega.

Apoio a empresas

Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo, diz que a parceria será positiva para empresas brasileiras e portuguesas."Nossa presença na África é de longa data e acreditamos que o potencial de crescimento por essa associação é extraordinário", disse.

"Potencializa investimentos significativos no setor bancário, mas mais do que isso potencializa o desenvolvimento da atividade das empresas brasileiras, portuguesas, em associação ou não com empresas africanas", disse.

O BES já possui operações na África há cerca de 100 anos. De acordo com o presidente da instituição, Ricardo Salgado, foi ele quem teve a iniciativa de propor o negócio aos bancos brasileiros; é o BES, também, que deve liderar a negociação com os bancos centrais de cada país africano em que a holding pretende entrar.

"No Brasil temos participação do mercado em duas vias, uma na participação de capital no Bradesco e outra por meio do Banco Espírito Santo de investimento, que é um banco muito ativo no mercado de capitais do Brasil", afirmou o executivo.

Mantega e Salgado falaram na presença de outros empresários que estavam na plateia, como o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, Carlos Roberto Mendonça Alves Dias, da Odebrecht, e Márcio Molina, da Marfrig.

Mercado africano em expansão

A ideia é que, se concretizada, a parceria a ser analisada pelas três instituições a partir de hoje beneficie as três pontas do negócio: de um lado, o BES terá mais dinheiro do Bradesco e do Banco do Brasil para ampliar seus negócios na África. De outro, BB e Bradesco aproveitam a experiência do BES para entrar de forma mais segura no mercado africano.

"O retorno esperado com o negócio é ocupar o espaço de uma indústria bancária nascente. O continente africano tem uma baixíssima bancarização, de 15% em alguns países. É um continente que oferece oportunidades. Antes que outros países ocupem, três instituições se unem para ocupar esse espaço", disse o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.

Os presidentes das instituições que participaram do anúncio disseram que ainda não foram definidos valores ou participações a serem compradas por cada banco na holding do BES. "Nosso objetivo, no momento, é mais estratégico do que de rentabilidade. Apostamos no futuro", afirmou o executivo, que considera que o aporte do BB na operação não será "relevante".

Segundo o ministro Mantega, a intenção é que a parceria resulte em atuação maior, principalmente em Angola, Cabo Verde, Marrocos, Moçambique, Argélia e África do Sul. Atualmente, o Banco do Brasil possui um escritório em Angola.

Nos EUA

Questionado sobre as notícias de que o BB estaria prestes a comprar um banco nos EUA, Mantega não descartou a possibilidade.

"A parceria não exclui outras operações que o BB está fazendo nos EUA. Há muitos brasileiros lá que querem usar o Banco do Brasil e obtivemos a licença do Fed [banco central americano]. Os bancos brasileiros têm essa vocação para se expandir e se mostraram entre os mais sólidos nessa crise, então, podem se expandir até nos EUA", disse.

*Fonte: Ligia Guimarães do G1, em São Paulo

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