sexta-feira, 7 de agosto de 2009

DIREITO, MOVIMENTO ESTUDANTIL E COMBATE À CORRUPÇÃO

Nas passadas de Hanna Arendt é legítimo afirmar que há um direito anterior a qualquer outro, talvez o pressuposto de um direito posto. Este direito que antecede ao demais surge de uma idéia simples, mas que reivindica na sua concretude uma considerável dose de complexidade. A humanidade, os povos, os grupos, os indivíduos, nós todos, temos o direito elementar de termos direitos, daí a aspiração por novos direitos. É uma promessa diante da pluralidade e um compromisso para com o futuro. Temos assim, na igualdade o direito à diferença, na liberdade o direito de sonhar e na fraternidade a ambição de desejar um ambiente natural e social saudável.

Nessa perspectiva, a juventude de um modo em geral e o movimento estudantil particularmente tem dado uma especial contribuição para história da humanidade. Os homens e mulheres que fazem dos seus atos acontecimentos históricos, propugnam permanentemente por mudanças e na juventude este pensamento ganha vigor e pujança. No Brasil especialmente os principais acontecimentos políticos tiveram nos estudantes seus principais protagonistas, basta para isso compulsar nossa historiografia desde às lutas pela abolição da escravatura, passando pela oposição à ditadura militar, ida às ruas pelo impeachment de um Presidente da República.

De há muito, entretanto, um certo marasmo tem coberto o movimento estudantil. Muitas reivindicações foram atendidas, a maior parte das bandeiras sustentadas perderam atualidade e sentido. É verdade também, que muitos líderes da juventude, atualmente ocupam cargos nas diferentes estruturas do Estado. Talvez outros fatores também contribuam para um certo raquitismo deste importante movimento social, mas o fato é que um certo desencantamento é perceptível.

Mas, ouso arriscar, que esta história parece estar mudando. Uma sensível ampliação da classe média, o acesso nunca antes experimentado pelos setores empobrecidos ao mercado de consumo, além do ingresso de alunos da rede pública, afro-descendentes, índios, jovens trabalhadores rurais e urbanos no ensino superior são novos ingredientes que devem mudar bastante a relação entre estudantes, dirigentes e autoridades públicas das Universidades brasileiras.
Há uma nova espécie de luta dos estudantes brasileiros. A reivindicação hoje é por maior transparência, por gestões pautadas pela probidade administrativa, para que os dirigentes universitários passem a agir segundo o primado da legalidade, da honestidade e segundo os fins últimos das instituições de ensino superior, pôr em prática, em sintonia com a sociedade que a sustenta com a paga de impostos, ensino, pesquisa e extensão. Eis-nos, ante a essência desafiadora de uma Universidade verdadeiramente democrática.

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