Corpo de Néstor Kirchner vai ser velado na Casa Rosada, diz governo
Velório na sede do governo deve começar às 12h locais desta quinta (28).
Ex-presidente morreu repentinamente na província de Santa Cruz.
O corpo do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, morto nesta quarta-feira (27), deve ser levado a Buenos Aires para ser velado na Casa Rosada, a partir das 12h locais (13h do horário brasileiro de verão) da quinta-feira, segundo o ministro do Trabalho, Carlos Tomada, que falou em nome do ministério.
Antes, Kirchner será homenageado em uma cerimônia íntima em El Calafate, na província sulista de Santa Cruz, onde ocorreu a morte.
O ex-presidente morreu por volta das 10h locais (11h no horário brasileiro de verão), vítima de um ataque cardíaco. "Foi uma morte súbita", disse Luis Buonomo, médico de Kirchner, em entrevista.
Kirchner morreu depois de ter sido internado emergencialmente por problemas cardíacos no hospital José Formenti, em El Calafate, na província de Santa Cruz, berço político do casal Kirchner.
Ele e a esposa, sua sucessora e atual presidente Cristina Fernández de Kirchner, descansavam na residência da família na cidade. Ela -que se recuperava de uma gripe- estava ao lado dele quando ele passou mal.
O casal estava na cidade desde o final de semana passado, segundo o "La Nación".
Esta quarta-feira é feriado nacional na Argentina, por conta da realização do censo.
Argentinos convocaram pelas redes sociais um ato em homenagem a Kirchner que deve acontecer na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, às 20h (21h de Brasília). Várias pessoas já estavam reunidas no local para ter mais notícias sobre a morte do ex-presidente.
Inicialmente, fontes oficiais haviam dito que o velório em Buenos Aires ocorreria no Congresso Nacional.
Saúde problemática
Os problemas de saúde do ex-presidente e deputado não eram novos.
Em 2004, ele teve um crise gástrica derivada de uma síndrome do cólon irritável.
Em fevereiro, foi submetido a uma cirurgia emergencial de alta complexidade para desobstruir a artéria carótida direita.
Em meados de setembro, Kirchner havia sido submetido a uma angioplastia coronária, um procedimento para a dilatação de uma obstrução ou estreitamento das artérias do coração, depois de ter sido internado com dores no peito.
De acordo com nota divulgada pelo governo à época, o procedimento foi um “sucesso” e também incluiu a colocação de um “stent”, uma prótese metálica que, posicionada no interior de artérias coronarianas obstruídas, normaliza o fluxo sanguíneo local.
Corpo pode ir a Buenos Aires
O chefe de gabinete do governo da Argentina, Aníbal Fernández, e outros funcionários partiram para El Cafalate por conta da morte súbita de Kirchner.
Dezenas de pessoas se reuniram em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino, à espera de notícias sobre a morte do marido da presidente Cristina.
Argentinos prestam solidariedade nesta quarta-feira (27) à presidente Cristina Kirchner, em frente à Casa Rosada. (Foto: AP)
O ex-presidente argentino Néstor Kirchner brinca ao tomar posse de seu primeiro mandato, em 25 de maio de 2003. (Foto: AFP)
Possível candidato
Deputado, líder do governante Partido Justicialista e secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) , Kirchner tinha 60 anos e governou a Argentina entre 2003 e 2007.
Sua presidência foi marcada pela consolidação da recuperação econômica do país, depois de uma forte crise econômica e política nos anos anteriores. Ele também ajudou a reunificar o Partido Justicialista (peronista), que enfrentava uma crise interna.
Seus adversários o acusavam de autoritarismo, e o mercado financeiro via com desconfiança as políticas econômicas de Kirchner, que também eram seguidas pela administração de sua mulher.
Néstor Kirchner conseguiu eleger Cristina como sua sucessora, para um mandato que se encerra em 2011.
O governo de Cristina enfrentou sua pior crise em 2008, quando o setor agrário fez seguidas greves por conta da taxação sobre a exportação de soja.
Na ocasião, Néstor Kirchner acusou os fazendeiros de complô e pediu que seus partidários boicotassem as companhias que participaram dos protestos.
Néstor Kirchner era o principal aliado e conselheiro de Cristina, e, apesar do desgaste sofrido pelo governo dela nos últimos anos e de seus recentes problemas de saúde, esperava-se que ele fosse se candidatar novamente à presidência nas eleições do próximo ano. Agora, fala-se que Cristina poderia ficar encorajada a tentar a reeleição.
Kirchner costurou alianças para tentar voltar ao poder, mas também estreitou laços com líderes esquerdistas latino-americanos, como o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
A morte de Néstor Kirchner impulsionará os níveis de aprovação de Cristina e deve gerar possivelmente um rali de alta na Bolsa de Buenos Aires quando ela reabrir na quinta-feira, afirmou o banco de investimento Barclays Capital. Em comunicado, o analista Guillermo Mondino disse que a morte produzirá uma "onda de simpatia em direção à atual presidente". A governante já estava "obtendo melhores resultados nas pesquisas, e isto poderia de alguma maneira impulsionar seus níveis de aprovação", disse.
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