Estamos em ano de eleição e o embate entre o verbo e a verba estará sempre a nos exigir uma tomada de posição. Cabe afirmar que, se existe algo que nos acompanhará definitivamente desde o nascimento até o fim da vida. Essa coisa é a palavra. Essa unidade mínima de qualquer língua que nos ampara para expressarmos sentimentos, angústia, emoções, entusiasmo, paixões e amor.
A partir da palavra, deste mínimo, estamos diante da possibilidade de enunciação do que pensamos em concreto e abstrato, no plano do físico e do metafísico, no psíquico e no somático, e em relação aquilo que está para além da subjetividade, na ordem do inconsciente das pessoas, mesmo sobre algo que está fora da ordem ou distante de qualquer lógica convencional. A Política por exemplo.
A palavra é o grande instrumento que nos faculta expressar idéias sobre a natureza, os animais, os vegetais, os minerais. Nesse sentido a natureza em si mesma é nada. Só alcança algum sentido, qualquer coisa que seja, quando apropriada pelas palavras e incorporada ao mundo da cultura. Assim, adquire desse modo, pelas palavras que lhe dão forma e conteúdo, expressão e vida.
Recorro ao livro mais lido, traduzido e divulgado no Mundo Ocidental, para que apoiado, na sabedoria que lhe é inerente, possa eu, tentar dizer alguma coisa útil nesse território espinhoso da linguagem. O esgrimir de palavras, enfileiradas umas atrás das outras concede sentido ao mundo. A opção deve ser pela coerência do discurso e não da verba que vem sabe-se lá de onde.
Nessa perspectiva, recorramos à bíblia, como um livro que exprime um tipo peculiar de sabedoria, acumulada ao longo de milhares de anos, que possui uma orientação simbólica e uma explicação mítica para o início de tudo:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por meio dele" (João 1:1-3).
Desse livro cheio de segredos, ambigüidades e questões escatológicas, colho excertos da sua primeira parte, que trata logo da criação de todas as coisas entre o céu e a terra:
No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. Deus disse: "Faça-se a luz!" E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou à luz DIA, e às trevas NOITE. Sobreveio à tarde e depois a manhã: foi o primeiro dia. (Gênesis 1:1-5)
Ao que tudo indica, o ponto de partida primevo é a palavra, a expressão oral do conhecimento, do sentimento, do desejo. Verbo é a palavra por excelência, porque anuncia a ação, que traça o roteiro ou desnorteia o andarilho, que traz consolo ou desesperação. A verba por outro lado na maioria das vezes só leva ao à corrupção, ao desespero e à prisão. Que então neste ano o verbo vença a verba. Porque a palavra tem poder e distingue a luz das trevas.
Caro Dimas,
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Grato