Declaração foi feita em anúncio de parceria do BB com banco português.
Há orientação do governo para aumentar atuação do BB em outros países.
Os bancos brasileiros, públicos e privados, precisam ampliar participação no exterior para apoiar tanto as empresas nacionais como os próprios brasileiros que moram fora, disse nesta segunda-feira (9), o ministro da Fazenda Guido Mantega, durante assinatura de um memorando de intenções entre Banco do Brasil, Bradesco e Banco Espírito Santo (BES), de Portugal.
A parceria entre as três instituições prevê aumento da participação das três instituições no continente africano.
A partir da assinatura do memorando, os três bancos preveem prazo entre 60 e 90 dias para definir como será feita a entrada do Banco do Brasil e do Bradesco na holding que o BES já possui na África.
"Estamos interessados em que não só o Banco do Brasil, mas que bancos brasileiros públicos e privados estejam tendo um raio de operação maior, mesmo porque fazendo assim poderão dar suporte e apoio para as empresas brasileiras que estão no exterior. E brasileiro também, tem muito brasileiro em Angola e Moçambique que procuram bancos brasileiros", disse Mantega, que anunciou a potencial parceria em São Paulo, nesta segunda. O ministro destacou que instituições como o Bradesco e o Itaú já têm projetos e participação no exterior.
De acordo com Mantega, a operação está em linha com os objetivos do governo de internacionalizar a atuação do BB e a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o Brasil tenha a maior integração com o continente africano.
Segundo o ministro, o presidente foi informado sobre os detalhes da operação nesta segunda-feira. "Brasil e Portugal, por meio de seus grandes bancos, aumentando a entrada nesses continentes", disse o ministro. "A entrada dos bancos brasileiros em outros países beneficiará também empresas nacionais que têm projetos no exterior", afirmou.
"Há uma orientação do governo para que seja ampliada a atuação do BB em outros países. Na verdade ele já possui uma atuação lá fora, é que era mais modesta. (...) Já possui escritório em 23 países. Apenas estamos ampliando seu raio de atuação. Já existe nos EUA, na Argentina, com o banco da Patagônia, e agora na África", disse.
"Estamos muito felizes com isso e é uma parceria entre o setor privado e o setor público, mostrando que o setor público e o setor privado podem trabalhar juntos e com eficácia, com sinergia, como nós queremos que ocorra aqui no Brasil e lá fora também", afirmou Mantega.
Apoio a empresas
Ricardo Salgado, presidente do Banco Espírito Santo, diz que a parceria será positiva para empresas brasileiras e portuguesas."Nossa presença na África é de longa data e acreditamos que o potencial de crescimento por essa associação é extraordinário", disse.
"Potencializa investimentos significativos no setor bancário, mas mais do que isso potencializa o desenvolvimento da atividade das empresas brasileiras, portuguesas, em associação ou não com empresas africanas", disse.
O BES já possui operações na África há cerca de 100 anos. De acordo com o presidente da instituição, Ricardo Salgado, foi ele quem teve a iniciativa de propor o negócio aos bancos brasileiros; é o BES, também, que deve liderar a negociação com os bancos centrais de cada país africano em que a holding pretende entrar.
"No Brasil temos participação do mercado em duas vias, uma na participação de capital no Bradesco e outra por meio do Banco Espírito Santo de investimento, que é um banco muito ativo no mercado de capitais do Brasil", afirmou o executivo.
Mantega e Salgado falaram na presença de outros empresários que estavam na plateia, como o presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, Carlos Roberto Mendonça Alves Dias, da Odebrecht, e Márcio Molina, da Marfrig.
Mercado africano em expansão
A ideia é que, se concretizada, a parceria a ser analisada pelas três instituições a partir de hoje beneficie as três pontas do negócio: de um lado, o BES terá mais dinheiro do Bradesco e do Banco do Brasil para ampliar seus negócios na África. De outro, BB e Bradesco aproveitam a experiência do BES para entrar de forma mais segura no mercado africano.
"O retorno esperado com o negócio é ocupar o espaço de uma indústria bancária nascente. O continente africano tem uma baixíssima bancarização, de 15% em alguns países. É um continente que oferece oportunidades. Antes que outros países ocupem, três instituições se unem para ocupar esse espaço", disse o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine.
Os presidentes das instituições que participaram do anúncio disseram que ainda não foram definidos valores ou participações a serem compradas por cada banco na holding do BES. "Nosso objetivo, no momento, é mais estratégico do que de rentabilidade. Apostamos no futuro", afirmou o executivo, que considera que o aporte do BB na operação não será "relevante".
Segundo o ministro Mantega, a intenção é que a parceria resulte em atuação maior, principalmente em Angola, Cabo Verde, Marrocos, Moçambique, Argélia e África do Sul. Atualmente, o Banco do Brasil possui um escritório em Angola.
Nos EUA
Questionado sobre as notícias de que o BB estaria prestes a comprar um banco nos EUA, Mantega não descartou a possibilidade.
"A parceria não exclui outras operações que o BB está fazendo nos EUA. Há muitos brasileiros lá que querem usar o Banco do Brasil e obtivemos a licença do Fed [banco central americano]. Os bancos brasileiros têm essa vocação para se expandir e se mostraram entre os mais sólidos nessa crise, então, podem se expandir até nos EUA", disse.
*Fonte: Ligia Guimarães do G1, em São Paulo
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