O PC do B especificamente e a esquerda de um modo geral no Maranhão possuem atualmente um grande patrimônio, um grande líder político e também exímio parlamentar. Estou a me referir a Flávio Dino. É um amigo de longa data. Antevejo uma brilhante trajetória política, é possível que venha a ser Governador do Maranhão, quem sabe vá até bem mais longe na nossa República. Vejo, aplaudo e procuro participar. Porém, a quantidade e a qualidade dos adesistas; dos novos comunistas; causa alguma estranheza e uma boa dose de assombro. A mim me parece que é hora de pensar.
Para dizer alguma coisa, recorro à poesia de Drummond:
Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
Em vão percorremos volumes,
viajamos e nos colorimos.
A hora pressentida esmigalha-se em pó na rua.
Os homens pedem carne. Fogo. Sapatos.
As leis não bastam. Os lírios não nascem
da lei. Meu nome é tumulto, e escreve-se na pedra.
Visito os fatos, não te encontro.
Onde te ocultas, precária síntese,
penhor de meu sono, luz
dormindo acesa na varanda?
Miúdas certezas de empréstimo, nenhum beijo
sobe ao ombro para contar-me
a cidade dos homens completos.
Calo-me, espero, decifro.
As coisas talvez melhorem.
São tão fortes as coisas!
Mas eu não sou as coisas e me revolto.
Tenho palavras em mim buscando canal,
são roucas e duras,
irritadas, enérgicas,
comprimidas há tanto tempo,
perderam o sentido, apenas querem explodir.
(“Nosso Tempo”; de Carlos Drummond de Andrade).
E a poesia, assim como a política não tira dúvidas, as amplia. Aqui não estamos diante da verdade, mas de muito mais pulgas atrás das orelhas que dantes.
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